Nos postos, os consumidores reclamam da alta dos preços tanto do álcool quanto da gasolina. A reportagem é de Tonico Ferreira.
Gasolina é literalmente o combustível da economia doméstica do motoqueiro Henrique. Quando o preço sobe, a renda cai.
“Normalmente o que você gastava ‘x’, agora você está gastando ‘xy’. Porque esse aumento foi muito abusivo, está demais”, contou.
A inflação de janeiro a abril deste ano foi de 3,13%. A gasolina, na média nacional, subiu quase o dobro. E o etanol, então, dez vezes.
O aumento do preço do etanol tem uma explicação simples: a entressafra da cana de açúcar. A oferta de álcool caiu e o preço subiu. Mas por que o preço da gasolina também aumentou? Por causa das crises políticas no Oriente Médio? Não. É porque a gasolina é vendida misturada com 25% de álcool anidro, que também vem da cana de açúcar.
O consumidor do carro flex está fugindo do etanol. Mesmo cara, neste momento a gasolina é mais vantajosa.
“De dez carros flex, nove nós abastecemos de gasolina”, contou um frentista.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, diz que os preços são regulados pelo mercado, mas admitiu que há abusos. Ele acionou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, para fazer uma investigação no comércio de combustíveis.
Os donos de postos querem uma ação mais ampla. “O governo precisaria ver qual a plantação que teria para poder autorizar a indústria automobilística a fabricar um numero ‘x’ de carros flex e os usineiros, por sua vez, deveriam ter aumentado a produção. A área plantada e o número de usinas, isso não aconteceu”, destacou o presidente do Sindicato dos Postos de SP, José Alberto Gouveia.
Os preços, tanto do etanol quanto da gasolina, devem cair nas bombas em maio, de acordo com a Associação dos Produtores de Cana de Açúcar. A safra deste ano já começou a ser vendida.
“Nesse momento, nós já estamos com a safra a pleno vapor, temos 200 usinas em moagem, os preços já caíram, nos últimos três dias, 10% e estão apontando para uma queda adicional de 20% já no mês de maio”, afirmou o presidente da Unica, Marcos Jank.
Mas até lá, o consumidor vai continuar reclamando. “Eu acho um absurdo. Para um país que se diz autossuficiente em petróleo, a gente está querendo exportar álcool e tudo, um preço desse tamanho aqui não dá para entender. É inexplicável”, disse o pecuarista Tony Moura.
A presidente Dilma Rousseff assinou, na noite desta quinta-feira (28), uma medida provisória que muda a classificação do etanol de produto agrícola para combustível.
A ANP, Agência Nacional de Petróleo e Gás, passa a regular os estoques de álcool. A mistura do álcool na gasolina que hoje varia de 20% a 25%, vai ficar entre 18% e 25%.
FONTE: JN
BLOG DO CRISTIANO PHB
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